18 de fevereiro de 2009

A CULTURA DO LINCHAMENTO.

Conforme noticias publicadas nos jornais locais, nos dias 10/02, 12/02, 13 e 16/02/09 cinco pessoas foram linchadas na região metropolitana de Belém, mais de uma pessoa por dia, isso fora os casos que não são registrados.
Esse fenômeno social vem crescendo em nossa região e começa acender uma luz, de que algo está errado com a sociedade. O que é justiça para os amplos setores da sociedade?
Li no site e-gora.org.br que os linchamentos e tentativas são formas de autodefesas de vingança. São execuções comunitárias. É a sociedade que lincha. Os fatores que estão levando a esse problema social, é a insegurança que estamos vivendo nos últimos anos, é inércia do Poder Público, falta de confiança nos órgãos que executam as políticas de segurança pública, essas práticas de linchamentos são as respostas a onda de violência que o Estado está passando, não que os linchamentos seja uma forma de acabar com a criminalidade, ao contrário ele cria mais violência.
Ainda há aqueles programas de televisão que são sensacionalistas, que se dizem justiceiros, que incentivam essas práticas, com comentários absurdos, tipo: Ladrão tem que morrer!
O Povo em Debate não está aqui defendo o criminoso, está colocando o debate na mesa, para que possamos nos questionar sobre essa prática de se fazer justiças com as próprias mãos, que na verdade o que se comete são injustiças, uma vez que é um ato covarde, várias pessoas batendo em uma única pessoa.
A onde essa situação de caos vai nos levar? Qual a diferença entre o linchado que cometeu um delito e as pessoas que lincham que também cometem um delito? O linchamento obedece há um tripé, crueldade, covardia e a inutilidade de sua prática.
É cruel, por que a pessoa é torturada de todas as formas, com estocadas, terçadas, golpes por toda a parte do corpo, com requintes de tortura, a vitima vai enfraquecendo e muitas vezes não resiste aos golpes e morre.
A covardia, são várias as pessoas agredindo uma única pessoa, são dezenas, em sua grande maioria os linchadores são formados por homens, a vitima fica indefesa, fica nas mãos de pessoas revoltadas com sistema de segurança que descarregam toda a sua insatisfação pelas Políticas de Segurança Pública, no criminoso, que apanha por que roubou e apanha como forma de mostrar para as autoridades toda a revolta da população. Os linchamentos são praticados por pessoas de todas as camadas da sociedade e acontece não só na periferia, mais também no centro da cidade, em nome da justiça se comete injustiça.
Inutilidade do ato, pois o problema não se resolve com tortura ou morte, na verdade criam-se mais um crime social, praticadas por pessoas que se dizem honestas. Faz-se necessário que os linchadores de plantão entendam que compete ao Poder Público prender o ladrão e a justiça encaminha para os procedimentos legais. Apesar de que neste caso específico do linchamento a justiça é lenta, muitas vezes se faz de cega, se isenta da situação, não indo atrás dos agressores ou abrindo um procedimento investigativo para se chegar aos culpados, como forma de está coibindo esses atos de violência.
No caso do criminoso, a justiça também é lenta, geralmente a pessoa é detida de manhã e a tarde já está solta, ou por que ninguém abriu um procedimento ou muitas vezes as delegacias estão super lotadas e seria mais um a povoar as carceragens, como é um pequeno delito ele é solto, para roubar novamente, a os pequenos delitos vão se transformar em grandes delitos.
Reafirmo que grande parte das pessoas que participam dos linchamentos não acreditam na justiça. A população não acredita mais nas ações do Poder Público, falta credibilidade. Ainda há casos de pessoas que participam indiretamente do linchamento, aplaudindo a ação, incentivando com palavras de ordem, vêem nessa ação a única forma de combater o criminoso.
É necessário que o Poder Público faça uma intervenção séria para coibir esse tipo de ação criminosa que é os linchamentos de seres humanos, tão parecida com a inquisição.
O Povo em Debate está aberto para sua participação e comentário.

2 comentários:

  1. Leila, bom contar com sua voz ecoando no universo blogueiro. E se você diz, então fico feliz por ter lançado ao solo da publicação o grão de sua voz cidadã, civilizatória. Ah, e sobre linchamento, um dos principais estudiosos do assunto no Brasil é o sociólogo paulista José de Souza Martins.
    Abraço,
    Elias

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  2. Cara blogueira,
    Já era tempo para que alguém tivesse coragem para denunciar o horror dos linchamentos. Essa barbaridade cresce e se alastra na mesma medida em que homens e mulheres de bem permaneçam na cômoda e imoral posição de cúmplices.
    O povo que aplaude o massacre de um ser humano - mesmo um criminoso, não importa - torna-se "carrasco voluntário". Hoje, é um criminoso ou um suspeito de um crime que é espancado até a morte. Amanhã, quem será vítima dessa onda de vingança cega?
    Parabéns. Sou leitor diário e admirador de seu blog.

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